terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Hoje pus-me a pensar na Morte.

Fui ao funeral da Professora Bernardete Barros, Presidente da Direcção Executiva da Escola Básica 2º e 3ª Ciclos de S. Roque. Diga-se, de passagem, que odeio funerais (aliás, acho que ninguém gosta; a perspectiva da Morte, tão próxima de nós naqueles momentos, incomoda-nos de maneiras diferentes).

Não vou despejar neste texto aspectos sobre a vida da Bernardete (sim, apenas Bernardete, pois é assim que dela me vou lembrar). Apenas quero recordar a importância que ela teve na minha vida e no facto de, neste momento, poder estar a leccionar.

E novamente a ideia da Morte toma conta dos meus pensamentos. Não é novidade nenhuma de que ela afecta mais os vivos do que os mortos (porque estes, segundo sinto, já não terão consciência de que apenas sentimentos e memórias ocupam o vazio do lugar que a eles pertencia).

Só nestas alturas reflectimos no pouco que somos, na humildade que devíamos ter e que perdemos ao longo da vida, ocupando os nossos dias com muito daquilo que não importa, pensando, iludidos e loucos que somos, que vivemos vidas cheias e completas, esquecendo que tudo aquilo que supostamente nos enche fica cá no momento em que tudo acaba.

Dei por mim a pensar nas opções que fazemos, se fizemos bem em ter virado à esquerda quando tínhamos a opção de virar à direita, porque ficámos a dormir até tarde quando tudo lá fora gritava por nós, ou mesmo porque saí da cama quando era lá que queria ficar. Dei por mim a pensar em quem nos acompanha quando de facto precisamos, não de algo material, mas de sentimentos e afectos, nas opções que fazemos em relação às pessoas que connosco vão partilhar tudo da nossa vida e daquilo que somos.

Dei por mim a olhar para o baú das memórias que guardo, das pessoas que passaram, das memórias que ficaram, e todas elas, boas ou más, ficaram aprisionadas numa única lágrima, num único momento em que reflectimos e temos a certeza de que ainda vale a pena sorrir. Uma lágrima, o tempo de uma vida de quase trinta anos...

E dei por mim a agradecer aos que ficaram e aos que passaram, às pessoas que, nem tendo consciência, moldaram-me naquilo que eu sou.

Talvez a Bernardete não tenha tido essa consciência, talvez não lhe tenha dito quando tive oportunidade para isso. E agora já não posso dizer. Resta-me, talvez, viver o melhor que sei, um lugar comum mas que é dos poucos que fazem sentido na vida, do início ao fim... E todos os dias tentar ser um homem um pouco melhor do que fui ontem...

1 comentário:

Blueminerva disse...

É a primeira vez que passo por aqui e... gostei do que li.
Um abraço